sexta-feira, julho 28, 2006

“Superman – O retorno” – A paródia oficial


Cena 8 – Lar

CIDADE DE SMALLVILLE – FAZENDA KENT/CASA – EXT./INT./DIA

Completamente desorientado com a terrível descoberta da traição de Lois, Superman retorna a sua cidade natal, Smallville, em busca do apoio materno para tentar entender sua nova condição social. O sol acaba de raiar quando ele pousa na fazenda dos Kent.
Para sua surpresa, é a primeira vez que ele encontra a porta de sua casa trancada. Superman toca a campainha.

MARTHA (voz abafada de dentro da casa): Já vai!. Ui, pára! (risos)

Superman toca insistentemente a campainha.

MARTHA (voz abafada de dentro da casa): Merda! Já falei que tô indo. Cadê minha calcinha?

SUPERMAN: ?

Martha abre a porta se recompondo. Ela está vestindo um robe de seda Pink com o desenho da Penélope Charmosa e tem os cabelos desgrenhados.

MARTHA (abraçando alegremente Superman): Filho, você voltou!

CLARK: O bom filho a casa torna.

MARTHA: Como senti saudades!

CLARK: Eu também, mamãe.

MARTHA: Entra, filho, está muito frio aí fora. Não quero que você pegue um resfriado.

Ao passar pela porta de entrada de seu antigo lar, o transtornado herói não percebe um par de sapatos tamanho 54 bico largo debaixo do banco da varanda.

MARTHA: Deixa a mamãe te dar muitos beijos e olhar este rostinho de bebê chorão.

CLARK: Mamãe, eu já cresci!

MARTHA: Você vai ser sempre o meu neném. Você parece abatido, filho. Está tão magrinho. Não deve estar comendo direito, está? Vou fazer uns ovos com bacon pra você.

CLARK: Eu não preciso comer. Você esqueceu, mamãe? Me alimento do sol.

MARTHA: Eu nunca vou entender essas dietas malucas de Krypton... Que cheiro é esse, filho? Você agora deu pra beber?

CLARK: Precisei tomar uns tragos. Pra esquecer.

MARTHA: Esquecer o quê?

CLARK: A maior decepção da vida de um herói. Peguei Lois na cama com meu melhor amigo, o Batman.

Martha pega o maço de cigarros e o isqueiro. Habilidosamente, ela tira o cigarro do maço e o coloca na boca.

MARTHA (riscando o isqueiro e falando pelo canto da boca): Pegou? Quando, hoje? Já não era sem tempo. Essa safadeza vem rolando há anos.

CLARK: Você sabia, mamãe?

Martha consegue acender o cigarro. Ela dá uma longa e profunda tragada.

MARTHA: Eu e a torcida do Smallville Crows. E a do Metrópolis Giants. E a do Gotham Bulldogs. E a do Flamengo. Já falei a do Corínhtians?

CLARK (sentado na posição do Pensador de Rodin): Eu não sei o que fazer da minha vida, agora.

Martha dá outra tragada. Ela sopra a fumaça com maestria e desenha o “S” do Superman. Ela dá outra baforada e faz o desenho de um chifre sobre o “S” de fumaça. Antes que o Superman olhe, ela desfaz o desenho, abanando as mãos.

MARTHA KENT: Filho, apesar de tudo, eu entendo a Lois.

CLARK: Entende?!

MARTHA: Cinco anos é muito tempo. Uma mulher também tem suas necessidades.

CLARK: Mas eu sempre me dediquei de corpo e alma a ela, mamãe.

MARTHA: Mas esqueceu de proporcionar o básico?

CLARK: Uma diarista?

MARTHA: Não.

CLARK: Um casaco de vison?

MARTHA: Não!

CLARK: Férias na Europa?

MARTHA: Não, Clark! Como você é tonto! Parece até não é meu filho.

SUPERMAN: O que faltou, então?

MARTHA (continuando): Aço, filho.

SUPERMAN: Aço, mamãe?

MARTHA: Faltou malhar o aço, ali, diariamente.

SUPERMAN: A sra. está se referindo a sexo?

MARTHA: Até que enfim, descobriu o Brasil! Acho que você é o único nesse planeta que se realiza com esse negócio de salvar os outros. Na vida real o que todo mundo gosta é duma boa sacanagem.

SUPERMAN: Mas eu pensei que ela compreendesse a minha missão aqui na Terra.

MARTHA: Missão? Parece até piada: o Homem-de-Aço não conseguiu malhar o aço da mulher dele e acabou levando ferro dum cidadão suspeitíssimo como o Batman.

SUPERMAN: Que modo de falar é esse, mamãe?

MARTHA: Agora eu falo o que me vem à cabeça. Eu era muito reprimida pelo teu pai. Agora eu me libertei. Descobri que eu posso ser uma nova mulher. Que eu posso ser Mulher.

SUPERMAN (horrorizado com o rumo da conversa): Mamãe?

Uma voz metálica chama Martha do alto da escada:

(VOZ METÁLICA): Martha, cadê você popozuda?

SUPERMAN: Popozuda? O que significa isso, mamãe?

Martha apaga o cigarro no cinzeiro.

MARTHA: Gostosa, tesão, cachorra... É um nome carinhoso dos novos tempos, tipo “minha pequena”.

SUPERMAN: ?

O dono da voz metálica aparece na escada. Ele está enrolado apenas numa pequena toalha que demarca um enorme volume cilíndrico sob o tecido de algodão.

SUPERMAN: Mamãe, ele é Brain...

MARTHA (interrompendo Superman): Não, filho, ele não é BRAINIAC. Ele é um modelo completamente novo de andróide, com um novo periférico que me faz a mulher mais feliz da galáxia. O nome dele é PENIAC.


PENIAC: Saudações, Kryptoniano. Eu sou PENIAC. Andróide de última geração com 469 aprimoramentos sexuais para todas as ocasiões e baterias solares com autonomia de 100 anos.

SUPERMAN: Estou pasmo; acho que vou vomitar.

Indignado com a cruel revelação de sua genitora, Superman sai como um raio de sua casa e alça o céu sem destino.

PENIAC: Os humanos não são lógicos.

MARTHA: Você esqueceu que ele não é humano?

PENIAC: Não, eu sou um andróide, não posso me esquecer de nada. Apenas não compreendo porquê o Último Filho de Krypton age como um humano. Ele podia ser um Deus e subjugar planetas, galáxias... Talvez o Universo.

MARTHA: Deus? Subjugar planetas? Desiste! Meu filho é muito careta.

PENIAC (abraçando Martha por trás): Já te falei que você é KENT mesmo, hein, Martha?

MARTHA: Já. Mas fala de novo aqui no meu ouvidinho...


(Continua...) Não perca aqui no Rebola outros posts exclusivos de “Superman – o retorno”




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