sábado, julho 22, 2006


"O Amargo da tua boca Doce" - O diário de Nando Playboyzinho
(Depoimento a Stuart Silva)


Capítulo 2 - A seita - Parte 3 de 3


Tomado pelo desespero, corri para a porta por onde entrara.

Descobri que ela estava trancada no mesmo instante em que avistei todo o grupo vindo em minha direção.

Deste momento em diante não me lembro direito o que aconteceu. Fui tomado por uma tonteira e o mundo à minha volta começou a girar. O grupo de repente se tornou uma multidão. Fui capturado por milhares de mãos e acho que apaguei por um tempo.

Acordei me afogando num líquido que acreditei ser a chuva dourada. Mas pelo gosto adocicado do final, percebi que era a mesma beberagem de antes. Levantei-me meio cambaleante. O mundo ainda girava com alguma velocidade.

Com o sinistro grupo geometricamente disposto à minha volta, notei que estava completamente nu e tinha o meu membro ereto. Num ato reflexo, tentei proteger minhas partes com as mãos. Foi quando senti uma forte explosão no meu púbis.

Incontrolavelmente, comecei a expelir em todas as direções o mais vasto jorro de urina de minha vida.

O grupo a minha frente foi ao delírio, gritando e se banhando loucamente na minha urina.

Eu, completamente fora de mim, naquele momento era só líquido, a forte correnteza de um rio que corria em direção ao mar para vazar numa pororoca irrefreável e absoluta.

Admito que foi um momento glorioso. Devo ter mijado por mais de dez minutos seguidos. Ao final, senti um alívio metafísico. As pessoas jogadas pelo chão ainda me reverenciavam, dizendo palavras incompreensíveis.

"Meu Deus! O que foi que eu fiz!". Caminhei decididamente até a porta e avisei o guia:

— Pra mim é o bastante. Se não quiser, não precisa me pagar. Mas eu vou embora daqui agora.

Ele olhou para a misteriosa mulher como que esperando seu consentimento ou autorização. Ela sorriu para mim e meneou a cabeça.

— Você está dispensado. Já pode partir.

E dizendo isso, o guia destrancou a porta.

Passamos os dois a ante-sala e, enquanto eu me vestia, ele colocou o meu pagamento sobre a mesinha de canto. Peguei o bolo de notas sem conferir e meti no bolso da calça.

— Até a próxima. — o homem disse.

Eu não respondi.

Logo, cheguei em casa e me deitei no sofá tentando organizar as idéias. Tentando entender o que tinha acontecido.

O telefone tocou.

Tocou várias vezes até que a secretária-eletrônica atendeu. Eu reconheci aquela voz rouca e sexy.

— Nando, aqui é a Luma. A agência está exigindo que todo mundo faça check-up. Sabe como é... você vai ter que fazer uns exames de rotina. Mas prometo que não vai doer. Tá marcado pra amanhã, ás oito, no laboratório Doutor Amoedo. Você vai fazer sangue e urina. Beijos, tchau.

Só podia ser piada.

(Fim)
Não perca na próxima terça-feira, mais um capítulo de "O Amargo da tua boca Doce" - O diário secreto de Nando Playboyzinho.

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