quinta-feira, julho 20, 2006


"O Amargo da tua boca Doce" - O diário de Nando Playboyzinho
(Depoimento a Stuart Silva)


Capítulo 2 - A seita - Parte 2 de 3


Um fulgurante clarão vinha da porta que se abrira diante de mim.

Com o coração sacudindo mais do que o Mick Jagger num palco, adentrei a misteriosa sala.

O recinto revelou-se um grande salão regiamente ornado com a cor dourada. A iluminação provinha de velas douradas postadas do chão até o teto numa parede lateral. Enormes castiçais também dourados e com velas aromáticas estavam dispostos ao longo do salão. Ao fundo, notei um grupo de umas dez pessoas vestidas de hábito marrom. Elas estavam ajoelhadas umas ao lado da outras e entoavam algo que ora lembrava um mantra ora parecia uma oração. À frente do grupo, imóvel e sentada numa suntuosa cadeira de espaldar trabalhada em ouro, havia uma pessoa trajando um hábito dourado.

O guia permaneceu parado com a cabeça abaixada. Por conveniência, fiz o mesmo. A oração terminou. O grupo se levantou de maneira sincronizada como se fosse uma enorme lagarta e se separou, formando um círculo no meio do salão. A pessoa de hábito dourado continuava imóvel em seu trono.

O guia foi até uma mesa ao lado e trouxe uma grande taça dourada. Ele bebeu e depois a ofereceu para mim.

— Beba, vai ajudá-lo a relaxar e a purificar os seus pensamentos.

Com a garganta seca e tomado pelo nervosismo, bebi um longo gole da bebida. Era um chá amargo que deixava um agradável adocidado no final. Bebi mais um gole e outro. Bebi quase a taça toda.

De súbito, uma das pessoas do grupo sacou uma pequena trombeta e tocou-a solenemente.

— Que comecem os trabalhos. — uma voz masculina falou.

Neste momento, um som de tambor tocado num ritmo tribal invadiu o ambiente. Todos os presentes imediatamente tiraram seus hábitos e, nus, começaram a dançar sensualmente como que hipnotizados.

Contei dez mulheres maravilhosas e um homem. “Matei a charada”, eu pensei alegremente. “Episódio de hoje: Suruba”. A dança continuava no ritmo frenético e contagiante do tambor.

A idéia da suruba me excitou. Até aquele dia, eu nunca havia participado de uma suruba que envolvesse mais de duas pessoas (contando comigo, inclusive). “Vou me esbaldar”. Num reflexo, tive uma ereção e sob o meu hábito surgiu um volume animalesco.

— Calma, irmão. A sua hora vai chegar. Tenha temperança. — o guia disse.

O único homem do grupo deitou-se no chão com o topo da cabeça virado em nossa direção. As mulheres continuavam a dançar em círculo em torno dele.

Neste momento, a pessoa no trono levantou-se e tirou o hábito. O som e a dança pararam imediatamente.

A visão era quase divina. Uma mulher alta, de beleza exuberante e com longos cabelos loiros. Usava um sexy corpete dourado e sobre sua face havia uma sinistra máscara também dourada. Ela caminhou magistralmente até o centro da formação. E começou a dançar como uma odalisca das mil e uma noites, fazendo um strip-tease de dar inveja a Demi Moore.

A última peça de roupa, uma minúscula calcinha de lacinho, foi retirada quando a mítica mulher estava posicionada sobre a cabeça do homem deitado no chão.

Suas pernas bem torneadas, rigidamente estiradas, formaram com o chão um perfeito triângulo eqüilátero. A intensa luminosidade do ambiente atravessou a ocasional figura geométrica. Reconheci, então, o emblema que vira momentos antes bordado no hábito do meu guia.

Num momento de rara magia, do mais alto vértice do triângulo dourado jorrou uma mijada espetacular.

O jorro colossal desceu vigorosamente como se fosse uma cachoeira sobre o rosto do homem estendido no chão que tremia e se debatia em completo transe. As mulheres à volta dançavam de mãos dadas e cantavam aparentemente também em transe.

Depois de alguns tempo que pareceu uma eternidade, o jorro cessou. Uma última gota ainda caiu e a mulher balançou os quadris num arrepio reflexo. As mulheres extasiadas caíram ao chão.

“Meu Deus! Eles devem ser os Adoradores da Chuva Dourada”, pensei. Um amigo havia me falado há um tempo atrás desse bizarro grupo mas eu não o havia levado a sério. Agora, eu tentava imaginar como podia me safar daquela louca situação.

Para piorar as coisas, a misteriosa mulher apontou o dedo em minha direção.

— A sua hora chegou.— o guia ao meu lado disse.

(Continua...)
Não perca no sábado, o desfecho desta emociante aventura de Nando Playboyzinho.

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