“Superman – O retorno” – A paródia oficial


Cena 12 – O resgate

LOS ANGELES – HOLYWOOD – ESTÚDIO DA WARNER BROS – INT./DIA

Depois da homérica humilhação pública impingida por Lex Luthor ao anteriormente consagrado herói, Superman decide buscar ajuda no único lugar capaz de resgatar sua carreira e sua dignidade: Holywood!

Dentro da sala um poderoso produtor de Holywood, Superman discute o seu futuro.

SUPERMAN: O senhor pode me ajudar?

PRODUTOR PODEROSO: Eu vou ver o que eu posso fazer. Vou precisar dar uns telefonemas. Fazer uns contatos, sabe como é. Enquanto isso, você pode ficar aguardando na sala aqui ao lado. Tem revistas, água, café e TV a cabo.

Algumas horas depois, o poderoso produtor chama Superman de volta à sua sala.

PRODUTOR PODEROSO: Cara, eu vou ser muito sincero contigo: a coisa tá feia pro teu lado. Você conseguiu em uma semana destruir uma imagem construída ao longo de quase setenta anos.

SUPERMAN: Eu sei.

PRODUTOR PODEROSO: Está muito difícil arrumar alguém que queira produzir outro filme teu. A moda agora é fazer filme de heróis com roupas de couro pretas e uma porrada de efeitos especiais. Esse negócio de temas patrióticos e ideais nobres não tá com nada.

SUPERMAN: Estou acabado, jogado na sarjeta...

PRODUTOR PODEROSO: A ondas de filmes Junkie já passou.

SUPERMAN: ... Sinto-me um dinossauro.

PRODUTOR PODEROSO: O filão de filmes de dinossauro também acabou.

SUPERMAN: ?

Um estagiário de produção, um garoto de uns dezessete anos, surge na porta da sala.

ESTAGIÁRIO: Com licença senhor, eu já acabei de analisar aqueles dez roteiros para “Duro de matar parte 5” que o senhor pediu.

PRODUTOR PODEROSO: E aí?

ESTAGIÁRIO: Pra variar, não salva um. Ei, é o coadjuvante para o “Batman – Continues”? Ele é bem parecido com o Super.

PRODUTOR PODEROSO: Não. É o Superman. Em carne e aço.

ESTAGIÁRIO: Putz! Ele é bem mais baixo pessoalmente e meio narigudo. Aí, me mata uma curiosidade: você faz esse pega-rapaz com gel, não faz?

SUPERMAN: Não. É um aplique. Não há gel que resista a vôos supersônicos.

ESTAGIÁRIO: Ah, entendi.

O poderoso produtor explica ao estagiário a situação delicada em que Superman se encontra. O garoto dá algumas sugestões.

ESTAGIÁRIO: Bom, Super, primeiro eu acho que você devia parar de fazer aquela pose com as mãos na cintura. Na boa, fica parecendo uma bichinha!

SUPERMAN: É mesmo?

ESTAGIÁRIO: Outra coisa: nem o pessoal de circo usa mais cueca por cima das calças...

SUPERMAN: Sei...

A reunião informal dura algum tempo. Com as idéias renovadoras do estagiário, o poderoso produtor decide que irá realizar um novo filme do Superman. O título provisório será “Superman – Na moral”. Os detalhes são todos discutidos. Falta apenas o mais importante.

PRODUTOR PODEROSO: Agora só falta convidar um diretor.

ESTAGIÁRIO: Vai ter que ser alguém muito bom.

PRODUTOR PODEROSO: O que você acha do Kevin Smith?

ESTAGIÁRIO: De jeito maneira, ele ia fazer o Super mais NERD do que ele já é.

PRODUTOR PODEROSO: Talvez o Tim Burton?

ESTAGIÁRIO: Nem pensar, ia deixar o Super de lado fazer um filme sobre o Bizarro.

PRODUTOR PODEROSO: Ridley Scott?

ESTAGIÁRIO: De jeito nenhum, as cenas de luta iam ser tão rápidas que só o Flash ia conseguir assistir.

PRODUTOR PODEROSO: Que tal James Cameron?

ESTAGIÁRIO: Não, ele ia dar mais destaque à destruição de Krypton do que ao Super.

PRODUTOR PODEROSO: O Spielberg, então?

ESTAGIÁRIO: Não, ele ia preferir filmar o Superboy com um dedo luminoso.

PRODUTOR PODEROSO: Tá ficando difícil. Irmãos Wachowsky?

ESTAGIÁRIO: Não iam topar. Agora eles tão na onda de fazer filmes sobre heróis off-mainstream...

PRODUTOR PODEROSO: Oliver Stone?

ESTAGIÁRIO: Tá maluco, chefe? Queremos apagar essa imagem gay do Superman, não aumentá-la.

PRODUTOR PODEROSO: Então o Schumacher também...

ESTAGIÁRIO: Também fora. Pelo mesmo motivo anterior... Ele botou mamilos (eca!) no traje do Batman, lembra?

PRODUTOR PODEROSO: Desisto. Não sobrou ninguém...

ESTAGIÁRIO: Não pode ser. Tem de haver um jeito.

SUPERMAN: Está tudo acabado. É o meu fim.

ESTAGIÁRIO: Calma, Super. Nem tudo está perdido. Tive uma idéia.

O estagiário pega o telefone.

ESTAGIÁRIO: Vou tentar minha última ficha.

CORTA para

BRASIL – RIO DE JANEIRO – SUBÚRBIO DE MADUREIRA – APARTAMENTO CONJUGADO – INT./DIA

Num apartamento todo desarrumado, o despertador marca seis e cinco da manhã. O telefone começa a tocar.

Stuart Silva pega o despertador e o leva até o ouvido.

STUART (bocejando e coçando o saco): Aaah-lô.

O telefone continua tocando. Stuart taca o despertador na parede. Ele finalmente atende o telefone.

STUART (bocejando mais, com voz de sono): Alô.

ESTAGIÁRIO: Stuart?

STUART (bocejando): É...

ESTAGIÁRIO: Stuart Silva?

STUART: É, porra. Falaí. (boceja de novo)

ESTAGIÁRIO: O mundo como conhecemos está ameaçado. Você é a última esperança do Superman.

STUART: Vai passar trote na casa do caralho, ô viado!

(Continua...) Não perca aqui no Rebola outros posts exclusivos de “Superman – o retorno”